terça-feira

Barra Funda, a nova Higienópolis

Bairro da zona oeste por anos esquecido pelas construtoras vive boom, com o lançamento de edifícios de alto padrão
A Estação Palmeiras-Barra Funda, da Linha 3-Vermelha do Metrô, foi inaugurada em 1988, mas por muito tempo a região passou despercebida por construtoras. Hoje, a paisagem do bairro antigo, cenário de contos modernistas de Alcântara Machado, é entrecortada pelas construções de enormes prédios residenciais. Como o bairro possui enormes galpões desocupados e a Prefeitura ainda autoriza grandes empreendimentos na região (ao contrário do que ocorre em bairros considerados mais nobres), o mercado definitivamente aposta na Barra Funda como o bairro paulistano da vez.
História
Por volta de 1850, a região que corresponde atualmente à Barra Funda fazia parte da antiga Fazenda Iguape, propriedade de Antônio da Silva Prado, mais conhecido como Barão de Iguape. Essa fazenda após loteada deu origem a várias chácaras, entre elas a Chácara do Carvalho, pertencente ao Conselheiro Antônio Prado, neto do Barão de Iguape, e que mais tarde se tornaria prefeito da cidade de São Paulo. A importância da família e a grandiosidade dessas terras pode ser expressa pelo fato do Conselheiro Prado ter contratado Luigi Puci, responsável pelo projeto do Museu do Ipiranga, para projetar a casa sede da chácara. Anos depois, a chácara também foi loteada e sua Casa Sede foi adquirida pelo Instituto de Educação Bonni Consilii (que ainda situa-se no local). As outras áreas loteadas deram origem ao distrito da Barra Funda e a parte dos atuais distritos da Casa Verde e Freguesia do Ó. Logo após o loteamento da área, os primeiros a povoarem a região foram os italianos. Trabalhavam em serrarias e oficinas mecânicas, principalmente para atenderem a população do elitizado bairro vizinho dos Campos Elísios. Muitos também trabalharam na ferrovia que seria inaugurada no final deste século. O desenvolvimento maior da região ocorreu após a inauguração da Estação Barra Funda da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1875, funcionando como escoamento da produção de café paulista e também como armazém dos produtos que eram transportados do porto de Santos para o interior. Isso incentivou o aumento populacional e a ocupação da região e de seus arredores, que se intensificou com a criação, em 1892, da São Paulo Railway, inaugurada próxima à Estrada Sorocabana, justamente onde se encontra atualmente o Viaduto da Avenida Pacaembu. O desenvolvimento comercial do bairro, aliado à grande facilidade no transporte e à proximidade dos elitizados bairros de Higienópolis e Campos Elísios, fez com que parte da elite paulista da indústria e do café se instalasse nessa região ao sul do bairro, entre a linha férrea e as margens do rio Tietê. Outro fator que colaborou para o desenvolvimento da Barra Funda foi a proximidade com o Parque Industrial das "Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo", instalado no bairro vizinho da Água Branca, em 1920. As Indústrias Matarazzo empregavam boa parte da população da região, assim como em grande parte da cidade e foram a base do conhecido "Império Matarazzo", que foi se enfraquecendo até se extinguir na década de 1980. O desenvolvimento da região sofreu um forte abalo com a crise de 1929, que resultou no fechamento de indústrias e deslocamento da elite dessa região, abandonando seus casarões (alguns se tornaram cortiços mais adiante). Restou basicamente a indústria artesanal com oficinas, marcenarias, serraria ou indústrias alimentícias e têxteis de pequeno porte.
Vida Cultural
Apesar das aparentes dificuldades, foi nesta época que a Barra Funda viveu uma época de grande manifestação cultural. O bairro expôs para o país grandes paulistanos como Mário de Andrade, que nasceu e viveu no bairro, que conserva até hoje sua antiga residência. Em 1917 foi inaugurado o Teatro São Pedro. A Barra Funda também foi palco da criação do mais antigo cordão de carnaval da cidade: o Grupo Carnavalesco Barra Funda. A partir desse grupo foi formada, mais adiante, a Escola de samba Vai-Vai, uma das mais tradicionais da cidade, instalada no antigo bairro do Bixiga (hoje parte do distrito da Bela Vista). O Grupo mudaria seu nome nos anos seguintes para "Camisa Verde" mas foi obrigado à mudar logo depois por pressão do presidente Getúlio Vargas, que confundiu a associação com o Integralismo brasileiro (que adotava o verde como cor oficial). Finalmente, mudou o nome em 1953 para o atual Camisa Verde e Branco e mantém sua sede no distrito.

(na foto acima, apto de 2 dts, suite, lazer completo, ensolarado, clean e lindo)

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